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Paciente com rim transplantado fica mais suscetível a fraturas
Paciente com rim transplantado fica mais suscetível a fraturas
veja aqui tb-http://www.scielo.br/pdf/abem/v49n3/a07v49n3.pdf
25 de Novembro de 2002 (Bibliomed). Verificar a estrutura óssea dos pacientes renais crônicos deve ser uma prática comum antes de um transplante, alertou o reumatologista José Wilson Ramos Braga Jr, em sua tese de mestrado, apresentada recentemente na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O pesquisador acompanhou 191 indivíduos que se submeteram a um transplante renal há pelo menos três anos. Do total, 24% sofreram fraturas, principalmente na coluna, no tornozelo, no quadril e no antebraço, e 40% apresentaram perda de massa óssea entre 5% e 40%. O critério atual para o diagnóstico da osteoporose, definido pela Organização Mundial de Saúde, é perda de 25% de massa óssea quando comparada com um adulto jovem, mas não se pode afirmar que aqueles que apresentaram índice de 5% estejam livres da doença.
Segundo o reumatologista, vários fatores contribuem para o aumento dessa taxa em indivíduos transplantados. As alterações metabólicas geradas depois do transplante, como a deficiência de vitamina D no organismo (responsável pela absorção do cálcio) e o acúmulo de alumínio provocado pela hemodiálise são alguns dos motivos que reduzem a densidade dos ossos. O uso dos medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão transplantado agrava ainda mais esse quadro.
Entre as mulheres, a prevalência de osteoporose no colo do fêmur foi quatro vezes maior que nos homens e, no caso das fraturas periféricas, como tornozelo e antebraço, seis vezes. O diabetes aumentou em 11 vezes a chance de fraturas periféricas em mulheres transplantadas, e a menopausa agravou o risco em 3,7 vezes. Nos homens, as fraturas vertebrais apareceram com uma freqüência nove vezes maior que as periféricas. A chance de fratura aumentou 1,03 vez por cada mês de hemodiálise realizado antes do transplante, e o baixo índice de massa corpórea (IMC) fez crescer a chance em quase duas vezes.
Para o reumatologista, esses dados servem de alerta para que haja uma preocupação maior com o problema ósseo que a doença renal pode desencadear. "O ideal é diagnosticar e tratar a osteoporose com reposição de cálcio e vitamina D, antes mesmo da realização do transplante renal", avaliou.
O pesquisador acompanhou 191 indivíduos que se submeteram a um transplante renal há pelo menos três anos. Do total, 24% sofreram fraturas, principalmente na coluna, no tornozelo, no quadril e no antebraço, e 40% apresentaram perda de massa óssea entre 5% e 40%. O critério atual para o diagnóstico da osteoporose, definido pela Organização Mundial de Saúde, é perda de 25% de massa óssea quando comparada com um adulto jovem, mas não se pode afirmar que aqueles que apresentaram índice de 5% estejam livres da doença.
Segundo o reumatologista, vários fatores contribuem para o aumento dessa taxa em indivíduos transplantados. As alterações metabólicas geradas depois do transplante, como a deficiência de vitamina D no organismo (responsável pela absorção do cálcio) e o acúmulo de alumínio provocado pela hemodiálise são alguns dos motivos que reduzem a densidade dos ossos. O uso dos medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão transplantado agrava ainda mais esse quadro.
Entre as mulheres, a prevalência de osteoporose no colo do fêmur foi quatro vezes maior que nos homens e, no caso das fraturas periféricas, como tornozelo e antebraço, seis vezes. O diabetes aumentou em 11 vezes a chance de fraturas periféricas em mulheres transplantadas, e a menopausa agravou o risco em 3,7 vezes. Nos homens, as fraturas vertebrais apareceram com uma freqüência nove vezes maior que as periféricas. A chance de fratura aumentou 1,03 vez por cada mês de hemodiálise realizado antes do transplante, e o baixo índice de massa corpórea (IMC) fez crescer a chance em quase duas vezes.
Para o reumatologista, esses dados servem de alerta para que haja uma preocupação maior com o problema ósseo que a doença renal pode desencadear. "O ideal é diagnosticar e tratar a osteoporose com reposição de cálcio e vitamina D, antes mesmo da realização do transplante renal", avaliou.
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PERDA DE MASSA ÓSSEA
O QUE É OSTEOPOROSE –
PERDA DE MASSA ÓSSEA
A fratura do colo do fêmur é um dos problemas mais comuns nos indivíduos idosos que sofrem de osteoporose.
O que é osteoporose
A osteoporose é uma doença que leva à perda de massa óssea e à fragilização do osso, aumentando o risco de fraturas. A doença pode tornar os ossos tão frágeis, que uma queda, ou até mesmo leves impactos, como curvar-se ou tossir, podem causar uma fratura. Os ossos mais acometidos pelo processo de demineralização costumam ser os do quadril, punho e coluna.
A massa óssea diminui naturalmente a partir dos 35 anos de idade, mas torna-se mais intensa nas mulheres após a menopausa. Além da falta de estrogênio, outros fatores de risco incluem a história familiar, falta de exercício físico, baixo consumo de cálcio e vitamina D, tabagismo, consumo excessivo de álcool e outros.
Neste artigo abordaremos as seguintes pontos sobre a osteoporose:
- Como é o osso normal.
- Quais são o fatores de risco.
- Quais são os sintomas.
- Quais são as diferenças entre osteoporose e osteopenia.
- Como é feito o diagnóstico.
- Osteoporose tem cura?
- Como se trata osteoporose.
- Prevenção.
Osso saudável
Os nossos ossos não são todos maciços, como a sua aparência sugere, e o nosso esqueleto não é apenas uma estrutura de sustentação, mas, sim, um órgão vivo com várias funções no organismo.
Na parte externa (cortical), o osso é compacto e tem uma aparência sólida. Porém, no seu interior ele é trabeculado, com a aparência de uma esponja. É através desses espaços que passam os vasos sanguíneos e localiza-se a medula óssea. O osso é composto por uma parte orgânica e outra mineral, constituída basicamente de fosfato de cálcio (fósforo + cálcio).
A osteoporose é o distúrbio no qual há redução da massa mineral, tanto do osso cortical quanto trabecular, levando a uma grande redução da densidade do osso, tornando-o mais frágil e menos resistente aos traumas mecânicos normais do dia a dia. Não por acaso, a palavra osteoporose significa osso poroso.
Como já foi dito, o osso não é uma estrutura sem vida, com função apenas de dar sustentação mecânica ao corpo. Os ossos estão em constante renovação, um processo necessário para correção de micro lesões sofridas pelos traumatismos comuns do estresse mecânico diário. O nosso corpo encontra-se permanentemente danificando e reparando nossos ossos.
Para se manter forte e saudável, o osso necessita do aporte constante de minerais, como o cálcio e fósforo, cuja concentração no sangue é regulada pelas paratireoides. As paratireoides são glândulas localizadas na base do pescoço, em cima da tireoide, sendo responsáveis pelo controle dos níveis de cálcio e fósforo nos ossos e sangue, pela excreção urinária de minerais pelos rins e pela concentração de vitamina D no sangue (leia: ALIMENTOS E OUTRAS FONTES DE VITAMINA D).
Até os 30 anos, o corpo consegue manter a massa óssea bem estruturada. A partir dos 30, o processo de reabsorção óssea começa a ficar mais intenso que o de produção de osso novo, o que ao longo de vários anos leva ao desenvolvimento da osteoporose.
A osteoporose além de reduzir a densidade mineral do osso, também causa distúrbios na sua arquitetura natural, contribuindo ainda mais para sua fragilidade.
Fatores de risco para osteoporose
O principal fator de risco é deficiência de estrogênio, que ocorre habitualmente após a menopausa. Todavia, a menopausa não é o único fator de risco, e os homens também podem apresentar osteoporose, apesar desta doença ser mais comum no sexo feminino.
Medicamentos, doenças, estilo de vida e fatores do dia a dia podem aumenta o risco de osteoporose. Citamos alguns dos fatores de riscos mais comuns abaixo:
- Sexo feminino → 70% dos casos de osteoporose ocorrem em mulheres.
- Caucasianos (raça branca) e asiáticos.
- Baixa estatura e baixo peso.
- História familiar de osteoporose.
- Menopausa.
- Nunca ter engravidado.
- Sedentarismo.
- Baixa exposição solar → Fator de risco comum em que mora no hemisfério norte.
- Baixa ingestão de cálcio e vitamina D.
- Tabagismo.
- Consumo de bebidas alcoólicas.
- Consumo elevado de refrigerantes (?) = Há indícios, porém ainda não se pode afirmar com 100% de certeza.
Doenças associadas a um maior risco de osteoporose
Os pacientes que apresentam alguma das doenças citadas abaixo têm um maior risco de desenvolverem osteoporose:
- Anorexia nervosa.
- Depressão.
- Hipertireoidismo.
- Mieloma múltiplo.
- Anemia perniciosa (deficiência de vitamina B12).
- Doença celíaca.
- Síndrome de Cushing.
- Doença de Crohn.
Medicamentos associados à osteoporose
Os fármacos listados abaixo, quando tomados de forma contínua e por muito tempo, aumentam o risco de osteoporose:
- Glicocorticoides (cortisona).
- Fenitoína.
- Carbamazepina.
- Levotiroxina (hormônio tireoidiano).
- Varfarina.
- Antidepressivos.
- Heparina.
- Metotrexato.
- Furosemida.
- Ciclosporina.
- Inibidores da bomba de prótons (ex: omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, esomeprazol).
- Lítio.
Sintomas da osteoporose
A osteoporose é uma doença silenciosa, que só costuma causar sintomas em fases avançadas. Os principais sintomas da osteoporose são as dores ósseas, principalmente dor lombar, facilidade em ter fraturas e redução da estatura por colapsos das vértebras da coluna.
A fratura do colo do fêmur é um dos problemas mais comuns nos indivíduos idosos que sofrem de osteoporose. Todos os anos e em todo o mundo, dezenas de milhares de idosos precisam de atendimento médico devido a fratura do colo do fêmur, que surge habitualmente após uma queda da própria altura. Quanto mais idoso for o paciente e mais grave for a osteoporose, maior é risco de fratura óssea. Além da fratura do colo do fêmur e das vértebras, também são bastante comuns a fratura do punho e das costelas.
Explicamos com mais detalhes a fratura do colo do fêmur no seguinte artigo: FRATURA DO COLO DO FÊMUR – Causas, Sintomas e Tratamento.
Diagnóstico da osteoporose
O melhor teste para o diagnóstico de osteoporose é a densitometria óssea. Os resultados são fornecidos através da comparação com a densidade óssea de pessoas jovens (T-score ou desvio padrão).
O critério para osteoporose, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é um T-score menor que -2.5 na densitometria óssea.
Os resultados da densitometria costumam ser divididos da seguinte forma:
1. Densidade óssea normal: T-score entre 0 e -1.
2. Osteopenia: T-score entre -1 e -2,5.
3. Osteoporose: T-score menor que -2,5.
2. Osteopenia: T-score entre -1 e -2,5.
3. Osteoporose: T-score menor que -2,5.
Quanto mais baixo for o T-score, maior a gravidade da osteoporose e maiores são os riscos de fraturas.
A osteopenia é uma redução da densidade óssea, porém ainda não é considerado osteoporose. Podemos dizer que é a osteopenia é uma pré-osteoporose.
A densitometria óssea deve ser realizada em todas as mulheres acima de 65 anos ou naquelas em pós-menopausa que apresentem fatores de risco para osteoporose. Não há indicação para realização da densitometria em homens, a não ser que o paciente apresente fatores de risco importantes.
Tratamento da osteoporose
Na osteoporose o ditado “prevenir é melhor do que remediar” é especialmente verdadeiro, uma vez que, quando as lesões na arquitetura óssea causadas pela osteoporose estão presentes, elas são praticamente irreversíveis.
Ainda não existe cura para a osteoporose, pois os medicamentos atuais não revertem completamente a perda de massa óssea. O tratamento tem como principal objetivo evitar a progressão da doença. Na prática, portanto, o que chamamos de tratamento da osteoporose é mais uma prevenção da osteoporose do que um tratamento propriamente dito.
O tratamento farmacológico está indicado em todos os pacientes que tenham critérios de osteopenia (T-score entre -1 e -2,5) ou osteoporose (T-score menor que -2,5) na densitometria óssea.
Medicamentos mais utilizados
Reposição de cálcio e Vitamina D: a quantidade ideal de cálcio e vitamina D diários é incerta. Nas mulheres na pós-menopausa com osteoporose, recomenda-se 1200 mg diários de cálcio (somando a dieta habitual mais suplementação artificial) e 800 unidades internacionais de vitamina D por dia. Embora o consumo ideal não tenha sido claramente estabelecido em mulheres na pré-menopausa ou nos homens com osteoporose, 1000 mg de cálcio (dieta + suplemento) e 600 unidades internacionais de vitamina D por dia são as doses mais sugeridas.
A ingestão diária total de cálcio (dieta mais suplementos) não deve exceder 2000 mg/dia, pois há indícios de que o consumo excessivo de cálcio possa aumentar o risco de eventos cardiovasculares.
Bifosfonatos (alendronato, risedronato, ácido zoledrônico): são os medicamentos mais utilizados no tratamento e prevenção da osteoporose. Já existem há anos no mercado e o seu perfil de segurança e eficácia é bem conhecido. Os bifosfonatos em comprimidos devem ser tomados em jejum com um copo cheio de água, e o paciente não deve se deitar por pelo menos 1 hora, devido ao risco de grave refluxo gastroesofágico e esofagite.
O ácido zoledrônico é um bifosfonato administrado por via intravenosa, com administrações a cada 6 ou 12 meses.
Raloxifeno: É um modelador seletivo do receptor de estrogênio. É um medicamentos que age como se fosse estrogênio, mas não é um hormônio. Apresenta os benefícios do estrogênio, sem os seus efeitos colaterais.
Estrogênios e reposição hormonal: Muito usado para tratar osteoporose até um passado recente, a reposição hormonal apesar de apresentar excelentes resultados traz consigo um aumento do risco de doenças cardiovasculares, trombose e câncer de mama. Por isso, não é mais indicado como tratamento de primeira linha para osteoporose e só deve ser usado em casos selecionados.
Teriparatide: É um análogo do PTH, hormônio produzido pela paratireoide e responsável pelo controle do cálcio e do fósforo nos ossos. É um dos medicamentos mais promissores no tratamento da osteoporose, sendo o único até o momento que parece reverter parte das lesões já existentes. Ainda não há estudos completos sobre o seu perfil de segurança à longo prazo e o seu uso ainda está limitados a no máximo 2 anos.
Denosumab (Prolia ou Xgeva): O denosumab é um medicamento novo, que age reduzindo a absorção óssea e aumentando a formação de osso, o que resulta em uma maior densidade óssea e um risco reduzido de fraturas. A sua administração é também bastante confortável, sendo a posologia de apenas uma administração subcutânea a cada 6 meses. É importante destacar, porém, que o denosumab é mais caro que os bifosfonatos, medicamentos mais utilizados atualmente para o tratamento da osteoporose.
Apesar de ter bons resultados em estudos preliminares, o Denosumab, até o momento, só foi amplamente estudado em comparação ao placebo. Ainda não há grandes estudos comparando diretamente a eficácia do Denosumab em relação ao Teriparide ou aos bifosfonatos por via venosa. Nos poucos dados existentes, a sua eficácia na prevenção das fraturas parece ser semelhante a do ácido zoledrônico. Portanto, não temos certeza se ele é realmente superior aos tratamentos já existentes. Também não há estudos de longo prazo sobre a sua segurança.
Apesar da inicial empolgação que o produto esteja provocando, a maioria dos especialistas ainda não recomenda essa droga como primeira opção de tratamento. Talvez no futuro, o denosumab venha a se tornar o tratamento de escolha para osteoporose, mas, no momento, o mais sensato é utilizá-lo apenas naqueles pacientes que não toleram ou não tiveram boa resposta com as drogas habituais. Pacientes com insuficiência renal também são bons candidatos para o denosumab, uma vez que os bifosfonato são contraindicados nessa população.
Tratamento não medicamentoso
Além do tratamento com drogas, é importante implementar mudanças nos hábitos de vida. Deve-se abandonar o cigarro e evitar excesso de bebidas alcoólicas. A prática de exercícios físicos, incluindo musculação, e o consumo de alimentos como leite e derivados, legumes verdes, cereais, frutos secos e peixe, ajudam na prevenção.
Também é importante a exposição solar; 20 a 30 minutos de sol por dia, entre 6h e 10h é o indicado. Apenas 25% do corpo precisam estar expostos para que haja um produção adequada de vitamina D através da pele.
fonte-https://www.mdsaude.com/
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MEDICINA E CURA ·Desvios da coluna vertebral
Desvios da coluna vertebral
MARIA HELENA VARELLA BRUNA
A coluna vertebral é o eixo central do esqueleto humano. Além de sua importância para manter a postura ereta, possibilitar a movimentação dos membros superiores e inferiores, proteger a medula espinhal, é ela que garante suporte ao peso do corpo.
A coluna vertebral, ou espinha dorsal como também é conhecida, é uma estrutura rígida, mas flexível, que mede entre 72 cm e 75 cm nos adultos. Constituída por 33 ossos superpostos, que recebem o nome especial de vértebras, ela se estende da base do crânio até a pelve, na altura do osso ilíaco, área de transição entre o tronco e os membros inferiores. Desse conjunto, 24 vértebras são móveis (7 cervicais, 12 torácicas e 5 lombares). Outras não se movimentam. As cinco sacrais soldadas formam o osso sacro, que se articula com o cóccix, osso formado pela fusão das quatro vértebras coccígeas situadas na extremidade inferior da espinha dorsal. Esse segmento rígido serve de apoio para toda a coluna vertebral.
Em sua maioria, as vértebras estão conectadas entre si por articulações semimóveis, ligamentos e músculos que conferem estabilidade à coluna e tornam possível movimentá-la em todas as direções (para frente, para trás, de um lado, do outro, ou rodá-la sobre o próprio eixo). Separando uma vértebra da outra, existe uma estrutura cartilaginosa – o disco intervetebral – que funciona como uma espécie de amortecedor de borracha. Ao todo, são 23. Formados por anéis concêntricos, fibrosos e resistentes que envolvem uma substância gelatinosa capaz de reter grande quantidade de líquido (núcleo pulposo), os discos intervertebrais impedem o atrito entre as vértebras, ajudam a absorver o impacto, aliviam a pressão sobre as articulações e facilitam os movimentos de extensão, flexão e rotação.
Veja também: Lesões na coluna
No interior da coluna vertebral, a sobreposição dos orifícios existentes no centro de cada vértebra forma uma espécie de túnel, chamado canal vertebral ou medular, por onde passam os nervos e a medula espinhal, um prolongamento do sistema nervoso central que tem como função transmitir os impulsos nervosos para todo o corpo.
A coluna vertebral é o eixo central do esqueleto humano. Além de sua importância para manter a postura ereta, possibilitar a movimentação dos membros superiores e inferiores, proteger a medula espinhal, é ela que garante suporte ao peso do corpo, serve de ponto para a fixação para as costelas, ligamentos e músculos dorsais e abriga órgãos e vísceras vitais para o organismo.
CURVATURAS NORMAIS E CURVATURAS PATOLÓGICAS
Vista de frente, a coluna vertebral parece reta. Observada de lado, porém, apresenta curvaturas fisiológicas na região do pescoço (lordose cervical), do tórax (cifose torácica), da cintura (lordose lombar) e da bacia (cifose sacrococcígea), que lhe conferem o aspecto de um S. Essas curvaturas são consideradas normais, porque resultam da adaptação natural do corpo humano a posições adotadas nas diferentes fases do desenvolvimento motor, incluindo o período embrionário e o nascimento. Em outras palavras: elas surgem espontaneamente nas pessoas saudáveis e passam a funcionar como um sistema de molas, fundamental não só para manter o equilíbrio, mas também para aliviar o impacto e a sobrecarga que a ação da gravidade exerce sobre o corpo humano nas posições em pé e sentada.
Tais alterações anatômicas são consideradas patológicas, quando há redução ou aumento acentuado de uma ou mais curvaturas, o que compromete o alinhamento da coluna e prejudica o bom desempenho de suas múltiplas funções. E mais: qualquer desvio numa região da coluna vertebral pode provocar modificações nos outros segmentos para compensar a alteração e garantir o equilíbrio.
Pode-se dizer, portanto, que cifose e lordose são desvios normais da coluna vertebral, essenciais para sua integridade e o funcionamento do organismo. A principal característica da cifose é uma curvatura posterior no eixo da coluna, nas regiões torácica e sacral. Na lordose, a curva está presente nas áreas lombar e cervical da coluna e avança para frente do corpo, na direção do abdômen ou da garganta. Já a escoliose é considerada um desvio patológico da coluna para os lados (direito ou esquerdo), correlacionado com a rotação dos corpos vertebrais na parte convexa da curva. Essa rotação provoca uma proeminência denominada gibosidade (ou giba) que produz as deformidades próprias da doença num dos lados do tórax.
De acordo com a idade em que se manifesta, a escoliose sem causa definida pode ser de três tipos diferentes: infantil (acomete a criança no primeiro ano de vida), juvenil (manifesta-se aos cinco ou seis anos) e adolescente (a partir dos dez anos). Saber em que momento surgiu a deformidade, é importante para definir o padrão e o prognóstico da doença, a fim de selecionar o tratamento mais adequado para cada caso.
A causa
A causa de maior parte dos desvios patológicos da coluna vertebral é idiopática, ou seja, sua origem é obscura, desconhecida. Nos casos em que é possível determinar a causa, os desvios anormais da coluna podem ter explicação genética ou, então, serem provocados por anomalias congênitas ou adquiridas ao longo da vida. Podem, ainda, estar associados a alterações ósseas, musculares ou neurológicas do organismo. Entre elas, vale destacar hábitos posturais inadequados,traumatismos, tumores, obesidade, atividade física imprópria, vida sedentária,tabagismo.
O DIAGNÓSTICO
O diagnóstico dos desvios da coluna baseia-se no exame clínico minucioso, com o paciente de frente, de costas e de perfil, assim como nos achados dos exames de raios X da coluna. Além de registrar a ocorrência de desvios no alinhamento da coluna vertebral, a radiografia permite medir o grau das curvaturas e identificar lesões que afetam os discos e as articulações, assim como visualizar sinais de fraturas, luxações ou tumores nessa região do corpo.
Há casos sugestivos de deformidades em que se torna necessário recorrer à tomografia computadorizada e à ressonância magnética para estabelecer o diagnóstico definitivo e encaminhar o tratamento.
Especificamente no que se refere à escoliose, o teste de Adams (a flexão do tronco para frente e para baixo deixa visível a curvatura e a giba) tem-se mostrado bastante útil para o diagnóstico precoce da escoliose idiopática do adolescente (EIA), doença que se manifesta na infância e adolescência. Realizado em poucos minutos, esse exame permite identificar desvios anormais no alinhamento da coluna e assimetrias no tronco (um lado das costas é mais alto do que o outro) ligados à rotação vertebral e à presença da gibosidade.
OS PRINCIPAIS DESVIOS DA COLUNA
1) Cifose
Cifose é o termo que serve para designar tanto a curvatura fisiológica nas regiões torácica e sacracoccígena da coluna vertebral, quando vista de perfil, como a hipercifose, ou seja, o aumento pronunciado da curvatura para trás, no sentido ântero-posterior da região torácica da coluna. Daí advém o nome “dorso curvo” pelo qual o transtorno também é conhecido.
A principal característica da cifose torácica (ou hipercifose torácica) é o abaulamento das costas provocado pelo aumento exagerado da curvatura posterior dessa parte da coluna. Para compensá-la, ombros, pescoço e cabeça são projetados para frente, o que favorece o aparecimento da lordose cervical.
A deformação se instala aos poucos e não necessariamente vem acompanhada de sintomas. Quando eles se manifestam, os mais comuns são dor, fadiga e rigidez da coluna.
Popularmente conhecida como “corcunda”, hábitos posturais inadequados (tanto no trabalho quanto nas atividades de lazer), falta de condicionamento físico e o enfraquecimento da musculatura paravertebral são as causas mais frequentes desse tipo de deformidade. É preciso considerar, no entanto, que a cifose pode ser a manifestação secundária de enfermidades como a osteoporose, a osteocondrose espinhal (doença de Scheuermann, que afeta adolescentes na fase do pico de crescimento), espondilite anquilosante, poliomielite e tuberculose, por exemplo. Na maior parte dos casos, porém, esse desvio patológico da coluna tem origem na postura incorreta adotada nas atividades do dia a dia.
A cifose torácica pode manifestar-se em qualquer idade. Rara nos recém-nascidos, comum na infância e adolescência (costuma afetar os meninos muito altos para a idade e as meninas no período do crescimento das mamas), acomete também as pessoas mais velhas. Nessa fase da vida, o desgaste das vértebras, a perda da flexibilidade dos discos intervetebrais, que se desidratam, e o enfraquecimento da musculatura dorsal representam fatores de risco para a ocorrência da hipercifose torácica.
2) Lordose
A lordose é outra curvatura normal da coluna vertebral. Ela se desenvolve depois do nascimento nas regiões cervical e lombar e é importante para melhor distribuição das cargas que incidem sobre a coluna. Alterações no grau da curva lordótica da região lombar, para mais ou para menos, indicam a presença de desvios posturais, que podem ser de dois tipos:
- hiperlordose, quando há aumento excessivo da curvatura para dentro do corpo, na direção da frente do abdômen, o que deixa os glúteos mais destacados (síndrome do bumbum arrebitado) e a barriga mais saliente;
- hipolordose, quando existe redução dessa curvatura a ponto de provocar retificação da coluna nas regiões cervical e lombar. Tanto a hiperlordose quanto a hipolordose podem comprometer a mobilidade da coluna na região afetada.
Fatores genéticos e ambientais podem promover o desvio patológico da coluna lombar. Hábitos posturais incorretos e obesidade (o excesso de peso obriga a pessoa a jogar o corpo para trás a fim de manter o equilíbrio) agravam o quadro. Traumas, osteoporose, desgaste das vértebras, flacidez da musculatura abdominal e do quadril, encurtamento das cadeias musculares, espondilestese (deslisamento de uma vértebra sobre a outra), sedentarismo e nanismo são condições que favorecem o aparecimento da lordose lombar em qualquer idade.
Gravidez, prática frequente de certas modalidades da dança – o balé, por exemplo -, exercícios mal orientados para aumentar o volume dos glúteos, uso constante de sapatos com saltos muito altos são outras condições que tornam as mulheres mais vulneráveis ao aumento da curva lordótica e suas consequências nefastas. Além disso, a hiperlordose lombar provoca um movimento da bacia (pélvis) que demanda o realinhamento de todas as outras curvaturas da coluna.
Lombalgia (dor nas costas) é o sintoma típico dessa desordem, especialmente depois de atividades que envolvem a extensão da coluna lombar, como ficar sentado ou em pé, imóvel, por muito tempo, erguer ou carregar objetos pesados sem os cuidados necessários para proteger a coluna.
O fato é que, depois da dor de cabeça, dor nas costas é a queixa mais frequente nos consultórios médicos. Cabe lembrar, porém, que os sintomas da lordose podem demorar para aparecer. Quando surgem, a coluna já pode estar bastante danificada.
3) Escoliose
Diferentemente da cifose e da lordose consideradas desvios fisiológicos, normais da coluna vertebral, que só podem ser observados com a pessoa de perfil – de frente a coluna é sempre reta -, a escoliose é uma curvatura anormal da coluna para um dos lados do tronco, determinada pela rotação das vértebras. A deformidade pode ser vista olhando a pessoa de costas.
Em outras palavras: a principal característica da escoliose é a presença de uma curvatura lateral no plano tridimensional do movimento (esquerda/direita, frente/costas e ao redor do próprio eixo pela rotação de uma vértebra) o que lhe confere a aparência de um C (uma só curvatura) ou de um S (mais de uma curvatura).
A condição não decorre de maus hábitos posturais. Ao contrário. É a curva da coluna própria da escoliose que, em muitas situações, é responsável pela má postura, já que esse tipo de desvio pode provocar alterações no corpo todo.
Basicamente, a escoliose pode ser classificada em estrutural ou funcional (não estrutural). Nas estruturais, a deformidade óssea está correlacionada com um problema congênito ou adquirido, que afeta diretamente determinado segmento da coluna e, na maioria dos casos, é irreversível. Nas funcionais, a estrutura óssea permanece preservada. As curvaturas surgem como manifestação secundária para compensar os desajustes causados por um distúrbio em outra parte do corpo, como o crescimento assimétrico das pernas, por exemplo. Em geral, as curvas funcionais são flexíveis e podem ser corrigidas com tratamento.
Possivelmente de caráter genético e hereditário, a escoliose pode surgir em qualquer fase da vida. A idade é considerada um dos fatores de risco para a doença, em virtude do desgaste natural dos ossos, dos discos intervertebrais e dos ligamentos que pode advir com o envelhecimento. O mais comum, entretanto, é o aparecimento da escoliose estar associado ao surto de crescimento que se instala no final da puberdade e se intensifica na adolescência. Nesse período, a progressão da anomalia é mais rápida e acomete mais as meninas do que os meninos.
A escoliose pode ser congênita, causada pela má formação das cartilagens de crescimento das vértebras ou pela fusão das costelas (arcos costais) durante a gestação ou nos recém-nascidos. Pode também ser causada por distúrbios neuromusculares, como as distrofias musculares e a paralisia cerebral. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), porém, em 80% dos casos, a causa é idiopática, ou seja, sua origem ainda não foi esclarecida. Quadros mais graves da doença podem limitar a mobilidade da coluna e reduzir o espaço do tórax que abriga os órgãos dos sistemas respiratório e cardíaco, impedindo que funcionem a contento.
Além do desvio lateral do eixo da coluna, a escoliose pode deixar no corpo do portador alguns sinais típicos da doença. São eles: ombros e quadris assimétricos e desnivelados (um lado é mais proeminente do que o outro), tamanho desigual dos membros inferiores (uma perna mais comprida do que a outra), cintura e caixa torácica desviadas para um dos lados do corpo, mamilos assimétricos (um mais alto do que o outro), costelas e escápulas salientes num dos lados do tórax.
Portadores de escoliose apresentam o corpo inclinado lateralmente. Dos estágios iniciais da doença até o período final do crescimento, as dores nas costas costumam ser leves. Com a evolução da doença, porém, o grau dos desvios no tórax pode aumentar e promover alterações em outras estruturas anatômicas. Nesse caso, as dores ficam fortes e a doença pode tornar-se grave e incapacitante.
Importante frisar que, na escoliose idiopática da adolescência, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e inciado o tratamento, maiores serão as possibilidades de evitar as complicações da doença.
O TRATAMENTO
Alguns desvios patológicos de coluna são assintomáticos. Quando os sinais da doença se manifestam, em geral, o tratamento é conservador e leva em consideração as peculiaridades de cada caso no que se refere à idade do paciente, ao grau e padrão da curvatura, às características da deformidade instalada, à intensidade da dor. O objetivo é interromper a progressão do transtorno, recuperar as funções da coluna vertebral e aliviar os sintomas. Se for possível identificar a causa do distúrbio, a atenção deve voltar-se também para o controle da doença de base. Nos casos de obesidade, é imprescindível que o portador encontre uma forma de perder peso.
Em geral, o tratamento conservador inclui técnicas de fisioterapia, como a RPG – Reeducação Postural Globalizada – exercícios de alongamento e para fortalecer a musculatura e estimulação elétrica. Órteses, como palmilhas e coletes ortopédicos, podem ser úteis para deter a progressão da curva e, na medida do possível, manter ossos e articulações na posição adequada.
O tratamento conservador não exclui o uso de medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares para alívio da dor, tais como paracetamol, aspirina, ibuprofeno, dipirona, diclofenaco de sódio.
A cirurgia para estabilização da coluna vertebral só é recomendada para pacientes adultos em situações muito especiais. Na escoliose, por exemplo, ela só representa uma opção para corrigir a deformidade, quando o desvio é superior a 50º, a dor é intensa e há comprometimento da função pulmonar.
RECOMENDAÇÕES
Os cuidados com a coluna vertebral devem começar na infância. A criança precisa ser estimulada, no dia a dia, a desenvolver uma postura correta, ou seja, aquela que demanda menor esforço muscular para garantir proteção para todas as estruturas da espinha dorsal. Adquiridos esses hábitos, o ideal é que sejam observados a vida inteira. Para tanto, é fundamental:
- Manter o peso corpóreo dentro dos padrões ideais para a altura e idade. A obesidade representa um risco para o aparecimento dos desvios da coluna, pois o excesso de peso não só altera a posição de equilíbrio do corpo, como provoca o desgaste das articulações e pode levar à calcificação das vértebras;
- Evitar o sedentarismo. A prática regular de exercícios físicos, desde que bem orientados, representa um recurso importante para fortalecer a musculatura das costas, dos quadris e do abdômen e dar sustentação à coluna;
- Adotar uma alimentação saudável e variada, rica em cálcio, mineral essencial para a saúde dos ossos;
- Redobrar os cuidados de proteção da espinha dorsal ao transportar objetos pesados. Carregá-los bem junto ao corpo, ajuda a diminuir a força imposta sobre a coluna, a musculatura e as articulações;
- Fugir da automedicação para alívio da dor e de outros sintomas atribuídos empiricamente aos problemas da espinha dorsal;
- Procurar assistência médica é medida indispensável diante de qualquer alteração que possa sugerir um desvio patológico da coluna;
- Escolher cuidadosamente o tipo de calçados e a altura dos saltos, para evitar os que podem comprometer a marcha e forçar as estruturas da coluna vertebral. Já está provado que saltos excessivamente altos provocam alterações no centro de gravidade do corpo, que alteram o posicionamento da coluna. Para compensar, os ombros são jogados para trás e a cabeça projetada para frente, o que provoca mudança na angulação das curvaturas cervical e lombar. Sempre é bom lembrar que uma alteração numa região da coluna vertebral resulta em mudanças em toda a coluna, a fim de que a posição do tronco e o equilíbrio sejam preservados.
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